Com quase 500 mil habitantes e ruas estreitas, projetadas para carroças, Mogi das Cruzes vive o drama dos grandes centros que carecem de mobilidade urbana. Os desafios se agigantam à medida em que a crise econômica mutila a receita municipal e rareia os repasses financeiros de outros entes da Federação.
Em 2014, o governo federal liberou R$ 542,55 mil para a Prefeitura elaborar o Plano de Mobilidade no município. Os recursos vieram de uma emenda que apresentei, enquanto deputado federal. A ideia é revisar e atualizar o documento de 2008, quando eu era prefeito. O próximo desafio será conseguir verba para colocar em prática as ações para a melhoria da circulação de pedestres, ciclistas, veículos e do transporte coletivo.
No caso do aumento da velocidade dos ônibus urbanos, a introdução de vias exclusivas (faixas ou corredores) é uma estratégia boa, mas ainda longe do necessário. O ideal seria a construção de sistemas de corredores segregados, na malha viária onde se conecta o transporte sobre trilhos, além de uma teia capilar com boas calçadas e adequada rede de ciclovias.
Parece utopia falar do ideal. Por falta de dinheiro, nem foi possível terminar o Anel Viário mogiano. A cidade também sofre com dez cruzamentos em nível com a linha ferroviária.
Felizmente, a gestão do prefeito Marco Bertaiolli (PSD) avança na construção da passagem subterrânea da Praça Sacadura Cabral, que eliminará um dos gargalos. Para a dissolução de outros dois, falta o governo federal implantar viadutos na Vila Industrial e em Jundiapeba. As necessárias intervenções passam pela disposição do governo federal em bancar a maior parte dos custos.
Mogi faz sua parte ao trabalhar com um Plano Diretor que vislumbra um horizonte pautado pela evolução regional, além de receber as devidas atualizações. Nos últimos 15 anos, a cidade também tem compatibilizado expansão empresarial com implantação de moradias populares nos mesmos locais ou nas proximidades, assim como oferta de equipamentos públicos. Isto é fundamental para reduzir os deslocamentos.
Resta esperar que o governo federal cumpra seu papel no processo de melhorar a mobilidade urbana.