O dia hoje será tenso. Não apenas pela expectativa em torno de qual será o resultado da votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas também, e principalmente, em relação ao comportamento e à reação das pessoas após a confirmação do "placar final". Essa situação crítica e efervescente tem atingido e afetado qualquer cidadão brasileiro.
Nas várias oportunidades em que manifestantes de ambos os lados se encontraram Brasil afora houve muita animosidade e algumas pessoas até chegaram às vias de fato, se engalfinhando e se agredindo. É como se fossem duas torcidas organizadas de times rivais para um jogo de mata-mata, onde um não admitirá perder para o outro.
O fato é que ninguém sabe como será o País já a partir de amanhã. Os ânimos terão diminuído - tomara - e deverão dar lugar à necessidade de voltar à labuta e à rotina diária - tomara mesmo. Por outro lado poderá ser o início de uma nova esperança ou do reforço e da continuidade do pessimismo.
Muitos dos que defendem a permanência da presidente e insistem na tese de que o processo de impeachment é um golpe de Estado parecem viver uma outra realidade, paralela à da esmagadora maioria dos brasileiros. Principalmente aqueles que vivem às custas do dinheiro público, com cargos de "aspone" e de bajuladores profissionais. Será que não sentem as dificuldades na hora em que vão a um supermercado? Não se preocupam diariamente com o risco de perder o emprego?
Se Dilma tiver o placar favorável hoje e seguir com seu mandato, quem vai garantir que haverá mudanças severas necessárias no governo, como Lula chegou a suscitar em vídeo reproduzido na Internet? Se não mudou até agora, é mais provável que nada se altere. Mas se mudar, então, é a confissão de que muita coisa de errada realmente ocorria na gestão petista.
Agora, se o impeachment for aprovado pela maioria, como as projeções indicam que será, as expectativas só aumentarão. A população não aceitará mais nada senão a melhoria da vida de todos os brasileiros. Não aceitará nada que não seja um governo que consiga implementar mudanças para tirar o País da crise, e não afundá-lo ainda mais nela. Esse processo não acabará na troca de presidente. Caberá a cada um continuar cobrando e se manifestando nas ruas se preciso for. Continuar do jeito que está é impensável. Vai depender de todos que isso não aconteça. Dos políticos e da sociedade.