Concentrados em acampamentos montados nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, manifestantes favoráveis e contrários ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff começaram ontem uma maratona de mobilizações que seguirá até o desfecho da apreciação da admissibilidade do impeachment da presidenta no plenário da Câmara.
No acampamento de manifestantes que desejam a derrubada da presidenta, montado no Parque da Cidade, na região central da capital, o clima era de otimismo com a possibilidade de aprovação do afastamento de Dilma Rousseff. Os presentes realizavam reuniões de planejamento para uma vigília que virou a noite em frente ao Congresso Nacional. "Não tem negócio", disse a empresária catarinense Dileta Corrêa da Silva, referindo-se à queda da presidenta petista. "Com impeachment ou sem impeachment a resistência vai continuar", acrescentou ela, que está acampada em Brasília há 26 dias e lidera um grupo denominado União Patriótica Nacional, uma dentre as cerca de uma dezena de denominações que se reúnem no local.
A manhã de ontem no acampamento da Frente Brasil Popular, no Ginásio Nilson Nelson, na região central de Brasília, foi dedicada ao Ato com Movimentos Sociais pela Democracia. Os manifestantes contrários ao impeachment se reuniram em uma tenda branca desde cedo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu ao ato e discursou para 1,5 mil pessoas. O ex-presidente reforçou que um impeachment sem base legal é um golpe contra a democracia.
Representantes de entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) mostraram-se convencidos de que o processo de impeachment Rousseff não será aprovado pelos deputados. Apesar de desejarem a continuidade do governo do PT, eles fazem ressalvas: reivindicam a democratização dos meios de comunicação, não querem mais cortes em programas sociais nem na educação e descartam o aumento de impostos. Cerca de 200 mil pessoas devem comparecer à Esplanada dos Ministérios. (A.B.)