É impressionante e, mais do que isso, alarmante o tamanho da demanda reprimida de pessoas do Alto Tietê que necessitam de algum tipo de procedimento cirúrgico em ortopedia na rede pública.
Conforme o jornal mostra em reportagem na edição de hoje, com base em informações do Conselho Estadual de Saúde, são mais de 20 mil pacientes nesta lista de espera.
A referência por aqui é o Hospital Regional Dr. Osíris Florindo Coelho, em Ferraz de Vasconcelos, que tem mais estrutura física para receber esse volume, mas a falta de profissionais dessa especialidade médica faz com que muita gente seja transferida para São Paulo ou para a Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes, conhecida também pela sua tradicional atuação no setor. No entanto, a unidade mogiana não tem condições de abranger todos os pacientes do Alto Tietê pela impossibilidade óbvia e também pelo risco de comprometer o bom serviço que oferece à população há tantos anos.
Essa situação é reflexo da saúde pública como um todo, seja no Estado de São Paulo, seja em muitos outros lugares do Brasil. E também é mais um indicativo e um chamamento das autoridades sobre a necessidade de atuação mais profícua e enérgica no que diz respeito ao atendimento que as pessoas precisam.
Em relação à ortopedia, em tese, não são maioria os casos emergenciais e urgentes quando comparados a outros tipos de procedimentos cirúrgicos em que a vida do paciente está nas mãos do médico e na mesa de operação. Mesmo assim, é obrigação do Poder Público garantir um serviço sempre a contento.
É no mínimo um contrassenso que o Regional de Ferraz seja referência em ortopedia e não tenha uma quantidade de profissionais que faça jus a sua condição. Ora, se o Estado classifica a unidade como tal, é como tal que deve ser na prática, caso contrário não terá validade nenhuma na vida das pessoas.
Representantes do Conselho Estadual de Saúde apontam que a situação específica neste hospital seria fruto de ingerência na administração do setor. Além do cenário criado, os pacientes são afetados pelo transtorno de não saberem onde serão atendidos nem quando. Ficam à espera de data e de transferência.
É mais do que urgente que o governo do Estado se atente ao caso e não comprometa esse atendimento tão essencial em Ferraz e, por tabela, também em Mogi. As pessoas precisam voltar a ter a certeza de que podem contar com o Poder Público para verdadeiramente terem acesso a um de seus principais direitos constitucionais e com qualidade.