Em toda cidade se faz necessário a presença de casas transitórias. Elas têm o condão de auxiliar pessoas em situações difíceis, em determinados momentos da vida, em caráter provisório, justamente até conseguirem definir seus rumos.
A Casa Transitória a qual me refiro é a voltada a mulheres violentadas, vitimizadas, que necessitam de abrigo, por, muitas vezes, estarem correndo até risco de vida. Esse acolhimento, que não é feito tão somente a essa mulher, mas, também, aos seus filhos, é extremamente necessário e faz a diferença, principalmente quando a vítima resolve deixar de apanhar, de ser mal tratada e denuncia seu agressor (que, na maioria das vezes, é seu marido, companheiro ou namorado). O que comumente acontece é que a mulher, parte fragilizada de uma relação tumultuada e violenta, não tem para onde ir com seus filhos. Ela fica com medo de passar fome com as crianças, de não conseguir emprego (pelo avançar da idade, pela falta de escolaridade ou de profissionalização ou por estar há muito tempo fora do mercado de trabalho), ou, ainda, pela vergonha por parte de parentes e de amigos. Assim, muitas vítimas acabam preferindo aguentar caladas a denunciar, aceitando toda a culpa do mundo, mas, hipoteticamente, protegendo a prole.
Como essas casas transitórias, apesar de extremamente importantes, são políticas públicas que exigem a omissão de endereços e a não divulgação (não devem ter inaugurações, por exemplo), por conta da segurança de seus usuários, a maioria dos políticos não faz questão alguma de investir nesse tipo de tratamento, que, em sua tosca teoria, não aparece. Portanto, não rende votos. Essa mentalidade tem de mudar. Os administradores têm de entender essa dura realidade brasileira e colaborar para minimizar o sofrimento, vez que esse tipo de violência continuará existindo em todas as esferas sociais.
Todos nós, seguramente, já vimos alguma situação dessas mencionadas, quer com um familiar, com uma vizinha ou amiga, não é mesmo?! Triste e lamentável, mas tem de ser encarada de frente, ao passo em que é necessário buscar medidas de solução e não apenas de lamentação.