Embora a presidente Dilma Rousseff tenha afirmado de forma categórica que jamais renunciará ao cargo, não lhe restará outra saída. Sua base aliada não existe mais. A sociedade civil organizada não lhe apoia.
A OAB, a Associação Comercial de São Paulo, a Fiesp, a Fierj e até o presidente da rede de lojas Riachuelo já declararam publicamente que são favoráveis ao processo de impeachment.
O PRB, partido ligado à Igreja Universal, cujo líder Edir Macedo é o proprietário da Rede Record de televisão, já desembarcou do governo Dilma.
O próximo a ir embora é o gigante PMDB. Sem sustentação política e sem apoio popular, não há condições de governar.
Apenas os movimentos sindicais dos trabalhadores apoiam publicamente o governo. Mas com o desemprego, a redução do seguro desemprego e a inflação, como convencer os trabalhadores a apoiar o atual governo?
Se a presidente deixar o processo de impeachment avançar, será afastada do cargo e, depois disso, sua volta é praticamente impossível. Não se trata de uma luta ideológica entre a esquerda e a direita, mas de um momento social, político e econômico que inviabilizou o atual governo.
Ninguém está disposto a suportar a atual situação econômica que se deteriora rapidamente. Na verdade, o Brasil não aguenta esperar até 2018.
É por isso que a presidente irá renunciar ao mandato, já revogado tacitamente pelo povo. Não é uma opção política, uma guerra ideológica, mas uma questão de sobrevivência. Qualquer outro presidente, de qualquer outro partido na mesma situação também renunciaria.
A oposição política não tem força para levar às ruas mais de um milhão de pessoas contra o governo; esse poder emana do povo.
A insatisfação com a corrupção, o desemprego, a inflação e a falta de perspectiva de qualquer melhora é que movem as pessoas a exigir mudanças. E ela virá, pelo impeachment ou pela maneira mais republicana, rápida e menos traumática para o País, a renúncia.