O resultado da eleição de 2014 acendeu o estopim de uma profunda crise política, que tem alimentado, e muito, outras duas crises. A econômica, que existiria em qualquer cenário, pois ela tem um caráter global, mas que foi inflada e inflamada pelas investigações da Lava-Jato e seus desdobramentos. E a crise institucional, envolvendo, principalmente, as instituições partidárias.
Pois bem. Vivemos em uma democracia ainda incipiente. O seu funcionamento e fortalecimento dependem de um equilíbrio entre os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o que efetivamente não existe.
Dilma conduz um governo muito fragilizado, com uma teórica maioria, que não se revela na prática. Não consegue sair da defensiva e, portanto, não tem energia para criar uma agenda positiva para minar o pessimismo econômico.
As manifestações de domingo, por mais que apresentem uma segmentação social diferente daquela que compõe a sociedade brasileira, deve servir para minar ainda mais as suas bases.
O comportamento de parte dos manifestantes justifica algumas preocupações manifestadas por vários analistas. Ao mesmo tempo em que eles demonstram uma profunda intolerância, contra diversas figuras políticas, são absurdamente complacentes com grupos que exaltam símbolos nazistas e que pedem a intervenção militar.
Essas manifestações tiveram como alvo maior a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT. Mas o tratamento dado a políticos como a ex-prefeita Marta Suplicy (expulsa da manifestação), o governador Alckmin e o senador Aécio (vaiados e insultados), demonstram que a oposição, mesmo se aliando aos organizadores dos atos para sua convocação, também não tem prestígio junto aos que se manifestam.
Tudo isso somado produz duas importantes indagações: 1) Caso Dilma seja impedida de concluir o mandato, como o Brasil vai ser conduzido até as eleições de 2018? - 2) Com as instituições partidárias desprovidas de lideranças com densidade eleitoral, quando nos será apresentado(a) o salvador(a) da pátria de plantão?