Por aclamação, o Diretório Nacional do PMDB decidiu ontem deixar a base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A decisão foi anunciada pelo senador Romero Jucá (RR), vice-presidente da legenda, que substituiu o presidente nacional do partido, Michel Temer, vice-presidente da República. O PMDB também decidiu que os ministros do partido deverão deixar os cargos.
Antes da decisão, os sinais já indicavam o rompimento da legenda com o governo. Até o pedido de demissão, anteontem à noite, do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, o partido comandava sete ministérios na Esplanada, além de diversos cargos no governo federal. Todos eles deverão abandonar os cargos.
A aliança do PMDB com o PT ocorria desde o primeiro mandato de Dilma, quando Temer foi eleito vice-presidente. Nos últimos meses, cresceu o número de integrantes do partido insatisfeitos com a aliança. No último dia 12, a Convenção Nacional delegou ao Diretório Nacional o poder de, em até 30 dias, deliberar sobre os rumos que o PMDB deve seguir.
A decisão foi antecipada, após a nomeação, no dia 16, do deputado Mauro Lopes (MG), secretário-geral da legenda, para o cargo de ministro da Secretaria de Aviação Civil, contrariando uma resolução do partido, aprovada na convenção, proibindo membros de aceitar cargos no governo federal.
A nomeação irritou os peemedebistas, fazendo com que Temer não comparecesse à posse de Lopes, no dia seguinte. "O vice-presidente não vai participar da cerimônia em Brasília porque o governo resolveu afrontar uma decisão da Convenção Nacional do PMDB, nomeando Mauro Lopes", disse, em nota, a assessoria de Imprensa de Temer.
Diante da ameaça de desembarque político do principal partido da base aliada, Dilma afirmou, em declarações na última semana, que queria "muito que o PMDB permaneça" no governo, mas que vai respeitar a decisão.