É improvável que o governo Dilma Rousseff sobreviva ao momento político. A tendência é que ele acabe prematuramente, nos próximos meses, com a aprovação do impeachment. A renúncia também pode ser considerada.
Os movimentos do sistema político na última semana reforçam essa tendência: PMDB e PSDB já conversam abertamente sobre como viabilizar o pós-Dilma; Renan Calheiros defende o "semiparlamentarismo", reduzindo os poderes presidenciais; partidos como PSD, PP, PRB e PTB começam a se dividir desfavoravelmente ao governo; e o PMDB sinaliza que está muito próximo do desembarque.
Na convenção nacional do PMDB, nenhum governista se dignou a defender Dilma. A mensagem de rompimento foi clara. O prazo é que ficou pendente do andamento dos acontecimentos. Para todos, inclusive para os mais moderados, a fala do presidente da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer, foi a de quem já se coloca como solução para os impasses.
No próprio PT há o entendimento de que Dilma não tem mais capacidade de reação. O ex-presidente Lula deve ir para um ministério com o objetivo de assumir o comando do País e tentar um último movimento. É uma opção desesperada que somente agravaria a precária situação.
As manifestações de domingo tornaram mais evidente o destino do governo. São uma confirmação de que a presidente perdeu as ruas em um momento em que não controla nem a economia nem a política. Além de estar sob a mira da Operação Lava Jato.
O mundo político concorda que o governo exauriu as possibilidades de se tornar viável. Assim, o fim parece inevitável. E o impeachment já é considerado uma questão de tempo, mesmo para lideranças do Senado que até há pouco defendiam Dilma.
Com a decisão do Supremo sobre o rito inicia-se o processo que deverá retirar Dilma da Presidência. Não será uma marcha tranquila, conforme o processo de impeachment de Fernando Collor.
O conteúdo e a intensidade das novas delações é que vão determinar a velocidade dos acontecimentos.