A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, para ficar à frente da Advocacia-Geral da União (AGU), no lugar de Luís Inácio Adams, foi um dos assuntos mais comentados ontem, entre os líderes partidários na Câmara dos Deputados. Para aliados do governo, a mudança foi "normal". Já os oposicionistas manifestaram temor de algum tipo de interferência no trabalho da Polícia Federal (PF).
Não foi a primeira vez que o ministro da Justiça manifestou intenção de deixar o cargo, alegando "fadiga de material". Para o líder do PT, Afonso Florence (BA), a atuação de Cardozo foi positiva e ele conduziu a pasta com parcimônia. "Garantiu o primado da lei, o devido processo legal, a autonomia das instituições", destacou Florence.
O líder do PT rebateu as críticas da oposição, que atribui a saída de Cardozo a pressões políticas por causa de sua relação com a Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça. O tema entrou em pauta após as ações deflagradas no âmbito da Operação Lava Jato e que tiveram como um dos investigados o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Florence disse que essa leitura era injustificada e lembrou que, em várias ocasiões, Cardozo argumentou que a corporação sempre teve autonomia para fazer investigações. A oposição, porém, enxerga na mudança de comando na Justiça uma possível ação do governo para interferir na autonomia da PF. Segundo o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) a saída de Cardozo se deveu a pressões do governo para que o ministro tivesse mais controle sobre as investigações desencadeadas pela PF. "O ministro Cardozo não tinha ingerência sobre a PF e está sendo removido pelo fato de a Polícia Federal ser independente e estar agindo", afirmou.