A situação atual em todo o País referente aos riscos de contágio das doenças transmitidas pelo aedes aegypti é preocupante por si só. Até mesmo porque as ações do Poder Público não estão fazendo com que o combate ao mosquito seja eficiente e também porque as informações sobre o assunto são muito nebulosos e superficiais, em especial sobre as consequências da contaminação pelo vírus zika. O alerta é tão grande, que muita gente toma precauções por si só, ainda que possam parecer exageradas, em especial mulheres que planejam engravidar ou que já estejam gestantes. Isso sem contar a própria dengue, que continua sendo uma ameaça fatal, e a febre chikungunya.
É papel de todos contribuir para que esse cenário mude o quanto antes. Claro que aliado a isso estão medidas mais concretas por parte das autoridades. Ontem, por exemplo, o governo federal publicou Medida Provisória que permite aos agentes de saúde forçarem a entrada em imóveis públicos ou particulares para exterminarem possíveis focos de criadouros do aedes aegypti. Há a possibilidade, inclusive, de ser solicitado auxílio policial.
Aqui na região, a Prefeitura de Mogi das Cruzes já havia se antecipado. Uma lei municipal permite aos agentes de saúde a entrada forçada nos imóveis. E ainda que essa medida pudesse servir de exemplo às outras cidades do Alto Tietê, até agora não houve eco em nenhuma delas, nem mesmo em Arujá, município daqui onde a problemática da dengue é a maior e também onde a prefeitura local relata dificuldades em acessar casas e terrenos.
Como se não bastasse tudo isso, ainda tem a omissão do Poder Público, que se caracateriza pela falta de atenção e de vontade de colaborar. É no minímo absurda a situação trazida na edição de hoje pelo Dat em Suzano. O antigo Pátio Municipal de Veículos, no Jardim Monte Cristo, há tempos abandonado, se tornou um enorme potencial criadouro do mosquito. Como a prefeitura resolveu ignorar por completo o local, as carcaças que lá continuam estão cheios de água parada, um cenário ideal para que a cidade se torne um verdadeiro celeiro da maior ameaça que o País enfrenta em termos de saúde pública, o aedes aegypti.
De que adianta uma ação com alguns funcionários e colaboradores com cartazes e panfletos na rua para conscientizar sobre os riscos causados pelo mosquito, como ocorreu semana passada, se a prefeitura não faz a "lição de casa" e elimina os focos de criadouros que são de sua responsabilidade? Talvez seja melhor começar a fazer o que deve e não faz, em vez de só orientar e cobrar as pessoas.