Ontem foi amplamente divulgada a notícia de que a agência de classificação de risco Moody's retirou o grau de investimento do Brasil, rebaixando o País para a segunda nota do grau especulativo. Isso significa que a empresa, que faz parte de uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo, tirou o selo de bom pagador do Brasil, não garantindo que o País não dê o calote na dívida pública. Recentemente, a Standard & Poor's (S&P) já havia vislumbrado um cenário negativo para a economia brasileira, também rebaixando-o, e sua previsão foi seguida pela agência Fitch. 
Segundo informado no próprio site da Agência Brasil - que replica as notícias do governo federal -, além do rebaixamento, a Moody's colocou o País igualmente em "perspectiva negativa", o que significa que pode reduzir ainda mais a classificação do grau de investimento nos próximos meses. Um dos motivos que levou ao rebaixamento, ainda conforme a publicação no site, foi a perspectiva de "maior deterioração dos indicadores de dívida do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida do governo provavelmente superior a 80% do Produto Interno Bruto (PIB), em três anos". 
Especialistas econômicos também reforçavam ontem, nas rádios, suas análises de que essa avaliação das agências se deve ao quadro atual do descontrole do governo em relação às contas públicas, com inflação galopante, recessão explícita e juros nas alturas. Os comentários vieram ao encontro de outra notícia divulgada pelo Banco Central (BC): a de que a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito (quando o consumidor opta em pagar valor menor que o integral da fatura) bateu a marca de 8,1 pontos percentuais de dezembro para janeiro, alcançando impressionantes 439,5% ao ano.  
Isso somado ao fato de que os juros subiram também nas taxas do cheque especial, nos juros de compras parceladas no cartão de crédito e nos créditos consignados e empréstimos pessoais, além do aumento dos tributos ao governo, não é difícil perceber o motivo das três agências terem chegado a essa conclusão.
Ou melhor, basta pegar R$ 50 e ir ao supermercado mais próximo e verificar com quantas sacolas se volta para casa ou, então, colocar na ponta do lápis o valor da água, luz, IPTU, IPVA e demais contas do mês e fazer um breve comparativo com anos anteriores. Enfim, não precisa ser especialista para verificar que a incompetência do lado de fora é a maior responsável pelo o que acontece do lado de dentro. E, como sempre, quem paga é o povo.