A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. É isso o que assistimos com a política de juros e de impostos no Brasil.
A elevação dos juros, como forma de conter a inflação já se mostrou ineficaz, um dos mais altos do mundo não produziu efeito. O aumento indiscriminado da taxa de juros já deixou de ser remédio e virou veneno para nossa economia.
Juros altos só reprimem a inflação quando ela decorre de aumento de demanda; o aumento dos juros nesse caso é o remédio. Mas em nossa economia, a inflação decorre substancialmente do aumento de custos, com o aumento absurdo do preço dos combustíveis e da energia elétrica. Nesse caso a taxa de juros não baixa a inflação sem matar a economia.
A recessão gera desemprego, hoje na taxa de 9%. Assim os salários estancam, o que reduz o consumo e a pressão inflacionária, mas também mata a economia. O outro remédio do governo é o aumento da carga tributária, o que gera ainda mais recessão.
Some-se a isso a queda no valor do petróleo, arrasando ainda mais a já combalida Petrobras, corroída pela corrupção escancarada pela Operação Lava jato. A maior companhia brasileira, que não foi privatizada para ser roubada, agoniza pelo assalto e pela queda no preço de seu principal produto.
O investimento em infraestrutura, tecnologia e educação são a única saída para nossa crise. O problema é que o governo federal não está preocupado em governar, mas apenas em se manter no governo. Enquanto as delações premiadas avançam, o pânico se instaura e o salve-se quem puder é a regra.
O Brasil real assiste a tudo passivamente, quando muito, protestando contra o aumento de R$ 0,30 no transporte público.
Juros altos, aumento de impostos e ingerência política não resolvem nosso problema, eles são o nosso problema, o nosso veneno. Precisamos rapidamente de um antídoto e, seja ele qual for, não será pior do que o veneno a que estamos hoje submetidos.