A 22ª fase da Operação Lava Jato tem como foco operações entre a empreiteira OAS, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que foi presidida pelo investigado João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, e a empresa Murray, sediada no Panamá.
A investigação quer apurar se a empreiteira, a cooperativa e a empresa realizaram operações entre si envolvendo recursos que seriam provenientes de propina. O nome da operação remete a cobertura de um prédio localizado no Guarujá, um apartamento "triplex" que pertence a Murray.
A propriedade de outro "triplex" no mesmo edifício está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, através do promotor de Justiça Estadual Cássio Conserino, que afirmou ter coligido provas que apontam para a possibilidade de uma denúncia contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Após a notícia, o Instituto Lula divulgou nota de que os advogados do petista estudam providências que serão adotadas em relação às declarações do promotor para Imprensa.
Muito se discute sobre a espetacularização das operações de investigação e de processos em face de pessoas públicas, em especial políticos. Muito já se criticou a cobertura da Imprensa de operações policiais. Ninguém que está sendo investigado, ou vê contra si o cumprimento de mandados de busca e apreensão, condução coercitiva ou prisão, quer ter sua imagem e seu nome divulgado, muito menos que haja repercussão na mídia desses fatos.
O investigado não é condenado. Mas a notícia de uma investigação é apenas isso, uma notícia. Toda investigação tem pessoas e empresas investigadas e isso, enquanto notícia, não desafia nenhuma medida repressora.
Mas assim como o Estado tem o poder de investigar, buscar, prender e denunciar e a Imprensa de noticiar os fatos, o investigado e o denunciado também dispõem de mecanismos legais para buscar na Justiça a repressão dos abusos e ilegalidades que entenda ter sofrido. Tudo isso faz parte do Estado Democrático de Direito.