Ver um País de joelhos para um mosquito que é capaz de transmitir três graves doenças é motivo de indignação e de incredulidade. Mostra o quanto as autoridades competentes não fizeram de tudo para que uma ameaça que estava prestes a ser erradicada anos atrás voltasse com tudo e seguisse numa crescente que ninguém sabe onde vai parar.
Antes era só a dengue. De meses para cá o medo agora envolve nomes que nem mesmo eram conhecidos, a chikungunya e o zika vírus.
De difícil pronúncia, Aedes aegypti passou a fazer parte do vocabulário do brasileiro. Sinônimo de medo e apreensão. Um mísero pernilongo que tem o poder de causar estragos irreparáveis.
Os números mostram que todo cuidado ainda é pouco. Só nas cidades do Alto Tietê, durante o ano de 2015, foram mais de 4 mil casos confirmados de dengue. A quantidade representa média de 344 ocorrências por mês ou 11 por dia. E nos anos anteriores o cenário era mesmo, com poucas variações e apenas uma certeza: o problema, além de grave, não será breve nem passageiro.
Aqui na região as prefeituras têm desenvolvido algumas ações para coibir diretamente a proliferação do mosquito e também conscientizar as pessoas sobre a necessidade de tomar cuidados para evitar a expansão das doenças. Em algumas localidades do Brasil, o governo federal utiliza até mesmo o Exército para o combate. Soldados contra pernilongos, parece até mentira.
Mais do que apenas o Poder Público agir - embora sejam várias as suas responsabilidades - é preciso que a própria população passe a desempenhar um papel mais eficiente nesta verdadeira guerra.
Algumas prefeituras criaram grupos específicos para enfrentamento, como em Suzano, com participação de representantes de várias secretárias municipais. Em Mogi das Cruzes agora há até uma lei que permite a entrada forçada por parte de funcionários municipais em imóveis alvos de denúncias sobre criadouros do Aedes aegypti. No entanto, seria interessante estimular que a própria sociedade se una mais e aja.
Um exemplo de medida mais ampla seria que as pessoas se organizassem por regiões, por bairros, e passassem a verificar os imóveis e fiscalizar a participação de seus vizinhos. Seriam inúmeros núcleos de atuação para fechar o cerco aos menores indícios. Isso ocorreria com acompanhamento do Poder Público local, avaliando o trabalho e tomando providências pertinentes.
Talvez um envolvimento maior, na mesma intensidade da preocupação e do perigo evidentes, acabe tendo resultados melhores. Além do que chamaria todos à responsabilidade.