Faz parte da chamada "consciência coletiva" a ideia de que se alguém não faz (ou nunca fez) nada para prejudicar o outro, trata-se de uma boa pessoa. Eu discordo totalmente. Não há bondade na omissão. Existe sim um grande egoísmo na omissão.
Tratemos disso na nossa sociedade capitalista, por exemplo. Um sujeito vive sua confortável vida de consumo enquanto tantos outros passam fome, dormem na rua, sofrem violências e tantas outras imposições nefastas de uma vida desafortunada. O sujeito, que vive confortavelmente, orgulha-se imensamente de nunca ter cometido nenhum crime e de ter "ganhado" sua vida honestamente, mas, também, nunca praticou qualquer ato de ajuda aos necessitados, nunca se engajou em qualquer causa humanitária. O tal "sujeitinho" se considera um homem de bem. Ele está enganado.
Alguém pode questionar sobre as intenções do omisso. Podem dizer que ele é bom, pois nunca desejou o mal de ninguém. Uma falácia. Há sim intenções na omissão. A omissão é voluntária. A pessoa não faz por não querer fazer. Não faz, pois esta acomodada em sua vida confortável. Isso é egoísmo.
Ninguém pode alegar não saber da existência de pessoas necessitadas. Os afortunados estão sentados em suas casas, dedicados a seus afazeres e optam entre conversar ao telefone, assistir televisão, ir ao shopping ou outra futilidade qualquer, mas não escolhem sair de casa e distribuir comida para crianças com fome. Isso é egoísmo.
É cansativo ver tantas pessoas que só reclamam de problemas que lhes prejudiquem pessoalmente. Pior que isso, tantas pessoas que desejam atenção às suas "urgências", mesmo que a urgência do outro seja o reconhecimento de sua humanidade. No máximo se oferecem para sentir pena e ainda se acham solidários por isso.
O mundo não é um lugar ruim por conta das atitudes dos canalhas. O mundo é um lugar ruim pelas omissões dos "homens de bem", que são verdadeiros cretinos egoístas.