O número de assassinatos decorrentes de conflitos no campo em 2015 foi o maior dos últimos 12 anos no Brasil, com 49 mortes registradas, a maior parte na região Norte, de acordo com os dados de um balanço anual da questão agrária divulgado esta semana pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os dados, segundo a comissão, são ainda parciais e o trabalho deve ser concluído no fim do mês. O número de mortes decorrentes de conflitos no ano passado foi o maior desde 2003, quando foram contabilizados 73 assassinatos.
O levantamento mostra que houve mais mortes em Rondônia (21) e no Pará (19). O perfil predominante das mortes foi de indivíduos envolvidos em movimentos de luta pela regularização fundiária. "O Norte do País é um barril de pólvora", disse o coordenador da CPT em Pernambuco, Plácido Júnior, responsável pela compilação dos dados nacionais. "Além do avanço do agronegócio tradicional, acreditamos que o aumento das tensões no campo em 2015 tenha relação com maiores disputas por recursos como madeira e água, o prosseguimento de grandes emprendimentos de mineração e energia e a diminuição no número de assentamentos e demarcações".
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) reconheceu o aumento das tensões no meio rural no ano passado, mas informou que, segundo dados da Ouvidoria Agrária Nacional (OAN), ocorreram 16 mortes em decorrência de conflitos no campo em 2015. A discrepância se deve a diferenças de metodologia, pois a OAN contabiliza somente informações oficiais da Polícia Civil e do Ministério da Justiça.
De acordo com o ministério, uma série de ações para prevenir a tensão no campo foram promovidas, entre elas a assessoria social e jurídica às famílias acampadas. Dados do CPT mostram que de 1.115 casos de homicídio decorrentes de conflitos no campo registrados entre 1985 e 2014, somente 12 foram julgados. (A.B.)