Todo começo de ano é sempre o mesmo assunto Brasil afora: o preço das tarifas do transporte público sofre reajuste. Em um período turbulento da economia do País, qualquer tipo de aumento é sempre mal visto, principalmente quando diz respeito a impostos e serviços públicos, neste caso prestados pelas concessionárias ou empresas estatais. Foi motivo, inclusive, para uma das maiores e mais abrangentes manifestações já registradas. Algumas, inclusive, descambando para a violência e a depredação dos patrimônios públicos e privados, o que faz com que qualquer reivindicação acabe perdendo sentido e razão. No geral, surtiu efeito dois anos atrás, quando as autoridades recuaram e mantiveram os preços das passagens ou mesmo criaram benefícios há muito tempo esperados, como a gratuidade no transporte para os estudantes.
Mas o fato é que o reajuste está aí de novo. Ontem começou nas linhas municipais de Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos e nos ônibus que fazem trajetos intermunicipais. Hoje o aumento passa a ser praticado em Suzano. Nas linhas da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) o valor da tarifa depende do percurso do passageiro. Nas três cidades, o custo passou de R$ 3,50 para R$ 3,80, o mesmo que também está valendo na cidade de São Paulo. Aliás, esta é uma das principais críticas dos usuários, uma vez que as distâncias percorridas são muito diferentes. Enquanto na capital se anda muito mais de ônibus, na região, pelo mesmo preço, os trajetos são menores.
Difícil é encontrar quem apoie um aumento da passagem. Embora isso tenha sido possível ontem nas ruas de Suzano e Ferraz (leia mais na página 4). Mas a questão é que se torna muito difícil para as concessionárias não incidirem seus gastos e os reflexos da inflação na tarifa paga pelo usuário. Insumos, peças, combustível, salários dos funcionários, tudo aumenta e com a passagem não vai ser diferente.
Por outro lado, quem usa o transporte público tem que cobrar sempre pela qualidade do serviço e dos coletivos, bem como as prefeituras e o governo estadual devem fiscalizar para que o passageiro não seja lesado. Há que se manter aquilo que as pessoas esperam e que seja justo ao valor que se cobra. Do contrário, nada se justifica.
Não é certo aplicar reajuste e continuar com um serviço aquém, ônibus em más condições, atrasos nos itinerários e pontos de parada, funcionários mal educados, entre tantos outros problemas. Se a qualidade acompanhar o aumento da tarifa, talvez o usuário passe a se dispor em aceitar a situação.