Em 8 de janeiro de 2010, a capa de um jornal chamava a atenção de quem passava em frente às bancas da região. A edição trazia imagens das consequências da forte chuva que havia castigado Poá no dia anterior. Eram cenas lamentáveis com várias vias completamente alagadas.
Uma delas, a de maior destaque, mostrava um funcionário da Defesa Civil olhando desoladamente para a inundação e para os veículos arrastados pela correnteza. Era a fúria das águas do córrego Itaim, que desce de São Paulo, passa por Ferraz de Vasconcelos e termina em Poá, na divisa com Suzano, onde deságua no rio Tietê.
A manchete que estampava a capa era resumida em duas palavras: "De novo"! Sim, pois os moradores estavam cansados de ver aquele cenário se repetir várias vezes naquele verão e nos anteriores, anos após anos.
O jornal em questão era o Diário do Alto Tietê. O mais importante na edição daquele dia não era o trato jornalístico que foi dado ao episódio, mas sim evidenciar o flagelo das pessoas que tiveram inúmeros prejuízos materiais e cobrar de quem tinha que ser cobrado para tomar providências.
Seis anos depois, o Dat continua a tratar do mesmo problema, que afetou cidades de toda a região, em especial Poá e Ferraz, que ficaram debaixo d'água: comerciantes e moradores desesperados, estragos de todo tipo. O tempo passou, mas parece que muita coisa não muda. Vira e mexe a inércia e a falta de competência de muitos políticos permanecem. A força da natureza é imparável, mas é a atuação dos responsáveis no Poder Público que mostra se as consequências são danosas ou não.
Mogi das Cruzes, por exemplo, não teve tantas ocorrências com a chuva que caiu no sábado e no domingo, ao menos não nas proporções das cidades vizinhas. Ao contrário de Poá, a região central mogiana não alaga mais como antes, assim como Brás Cubas, por causa de obras específicas no ribeirão Ipiranga e no córrego dos Canudos, respectivamente.
Mas em Poá, a periferia e a parte baixa do centro nunca saem incólumes, bem como a área central de Ferraz. Na primeira cidade, inclusive, a construção do reservartório de águas pluviais, o piscinão da Vila Romana, dura quase cinco anos. Entrou prefeito, saiu prefeito, e nada. Até quando haverá esse martírio de viver sempre com medo do menor indício de chuva? E quem vai arcar com esses prejuízos? Se continuar no mesmo passo lento de hoje, a única frase que se ouvirá repetidamente de forma deprimente será "de novo".