À parte da crise econômica que assola o Brasil, uma briga política se arrasta há meses, fato que atrapalha o governo federal, impedindo de agir para resolver os problemas, ou ainda o favorece, dando ao mesmo a desculpa por exatamente não tomar as decisões necessárias neste momento tão delicado do País. A queda de braço política da qual falamos, e que já entrou para a história, começou com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), batendo de frente com a presidente Dilma Rousseff (PT). No início do segundo semestre deste ano, ele anunciou que romperia com o governo e dava início a uma guerra que pode terminar com o impeachment da petista.
Como em toda história, além dos personagens principais, temos os coadjuvantes. Outros nomes entraram na briga. Primeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surgiu tentando botar panos quentes na confusão. Sem sucesso. Depois foi a vez do vice-presidente Michel Temer (PMDB) mostrar que está do lado de Cunha, e numa atitude surpreendente encaminhou uma carta a Dilma, onde desabafa suas frustrações como vice e descontentamento com as ações dela.
Um novo personagem surgiu nesta trama: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Edson Fachin. Ele não tinha nada a ver com o assunto, mas na semana passada, quando todos estavam empolgados com a aprovação do pedido de impedimento contra a presidente, o homem que substituiu Joaquim Barbosa suspendeu a instalação da comissão que analisaria o impeachment, ou seja, a primeira ação prática para derrubar Dilma.
Sobre o novo personagem, temos de voltar ao passado para saber quem ele é, de onde veio e por qual motivo teria agido desta forma. O ano passado ficou marcado pelas decisões firmes do então ministro do STF Joaquim Barbosa, que virou herói nacional ao mandar prender José Dirceu, José Genuíno, entre outros políticos famosos, petistas, envolvidos no escândalo do mensalão. Para espanto de muitos brasileiros, Barbosa decidiu se aposentar e, desde então, o STF não chamou mais a atenção da população.
Para o lugar dele, Dilma teria que indicar alguém. O nome de Fachin caiu como uma luva para os petistas. O ministro é figura que tem enorme prestígio com Lula, que já o indicou ao cargo outras vezes. Sua ligação estreita com o PT desagradou a oposição, que nada pôde fazer. Sem Barbosa, Fachin pode ser considerado sim um aliado do governo. E é este homem quem surge agora para tentar tirar a corda do pescoço da presidente.