De fato, a reorganização é importante e precisaria ser feita, mas da forma correta. Muitas escolas contam com salas ociosas, uma vez que a rede de ensino estadual diminui significativamente. Parte das justificativas sãofactíveis, porém, o diálogo com a população precisaria ocorrer antes da tomada de decisões.
Faltou diálogo. Faltou transparência. O professor não foi incluído nesta discussão. Aliás, o professor, o diretor, o coordenador, o líder de bairro, os pais, os alunos, os funcionários da limpeza, da manutenção, enfim, ninguém que está fora do gabinete do secretário de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald foi consultado antes da canetada.
Para efetivar a tal reorganização, o governo se apoiou em um estudo, que mostra que escolas com um ciclo somente têm Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) maior do que escolas com dois ciclos, que, por sua vez, têm Idesp maior com três ciclos. Isso não prova nada.
Ao divulgar uma reestruturação do ensino público estadual sem nem mesmo conhecer os detalhes dos impactos que seriam gerados, o governo estadual criou lacunas que, rapidamente, foram ocupadas por pessoas ligadas a movimentos políticos. Sim, há motivação política envolvida nestas ocupações. É inegável. Assim como há motivação política envolvida em todas as outras mobilizações, sejam elas motivadas pela oposição ou situação.
Dentro deste cenário é preciso analisar que os argumentos do movimento político que apoia e incentiva a ocupação são convincentes e muitos dos questionamentos não foram, e provavelmente não serão, respondidos pelo Estado.