O preconceito, independentemente de qual espécie, está embutido no nosso padrão social e, por mais que a luta seja constante para combatê-lo, é impossível ignorá-lo. Um dos sérios problemas sociais causados também pelo preconceito é a violência contra a mulher. Já imaginou o que é chegar em casa e se sentir inseguro? Pois é assim que se sente a maioria das mulheres que sofre agressões. Para elas, o "lar" é o local dos mais inseguros.
Segundo pesquisa recente realizada pelo Data Popular, 48% das mulheres agredidas no Brasil declaram que a violência aconteceu em sua própria residência. E na esmagadora maioria, a agressão à mulher vem de relações conjugais, incluindo namorados, maridos, ex-maridos e amantes.
No Alto Tietê os números também não são animadores: a média de homicídio contra mulheres é de 30 por ano. Em cinco anos, 151 mulheres foram assassinadas na região, segundo estatísticas do Mapa da Violência, de 2009 até 2013. Itaquaquecetuba lidera o ranking regional no mapa da violência com uma taxa média de 5,6 homicídios a cada 10 mil mulheres. O município se encontra na 512ª posição no ranking nacional com 46 homicídios de mulheres nos últimos cinco anos. A segunda posição no ranking regional da violência é ocupada por Mogi das Cruzes, onde 30 mulheres foram assassinadas entre os anos de 2009 e 2013.
Só no primeiro semestre deste ano, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, que atende pelo número de telefone 180, recebeu mais de 360 mil denúncias.
A Lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das punições às agressões contra a mulher, inibe o agressor, mas algumas questões impedem que o resultado seja mais positivo: a impunidade jurídica e policial para esses homens e a falta de estrutura dos órgãos públicos para abrigar e proteger as mulheres ameaçadas de morte colaboram para o abuso dos agressores. A intervenção de um agente externo com autoridade diminui, pelo menos por um período curto, a conduta violenta. Já assistimos em telejornais cenas de um agressor sendo preso, fazendo cara de coitado, chorando e arrependido de seus atos.
O sofrimento das mulheres vítimas de violência doméstica traz graves consequências à saúde física e mental, podendo ser responsável pelo desenvolvimento de depressão, fobias, obesidade mórbida, uso de medicação controlada, entre outras. Para piorar, o medo ou dependência financeira fazem com que muitas mulheres permaneçam em silêncio. Em casos como este, não denunciar significa ser conivente com esta terrível situação e abrir mão da liberdade.