Nem mesmo o sucesso em arrecadação de donativos edição após edição do Teleton, promovido pelo SBT, é suficiente para resolver os problemas das dezenas de unidades da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e garantir atendimento a todos que necessitam de auxílio e não têm condições de arcar com as despesas.
Não é de agora que a entidade tem exercido um papel fundamental no tratamento crianças e adolescentes com deficiência e mobilidade reduzida. E por esse motivo, inevitavelmente, se tornou referência no País. Como se trata de uma instituição que não surgiu do Poder Público, a dependência de aportes financeiros externos são essenciais.
O Alto Tietê tem uma unidade, em Mogi das Cruzes, que completará quatro anos de existência em 1º de dezembro. A AACD da Vila Suíssa tem 22 salas de atendimento, espaços de convivência, administrativo e de apoio em mais de mil metros de área construída. Diante da estrutura, centenas de pessoas passaram a procurá-la e a depositar nela toda a esperança de um futuro melhor.
Atualmente, mais de 50% dos pacientes atendidos em Mogi são de outras cidades. Normalmente, a entidade recebe um auxílio mensal por parte das prefeituras dos municípios de onde vinham essas pessoas. No entanto, como o Dat mostra na edição de hoje, a AACD suspendeu o atendimento para pacientes de Suzano e Itaquaquecetuba. E a alegação da instituição é justamente porque não têm mais dessas cidades qualquer tipo de ajuda financeira.
A situação pegou muita gente de surpresa, principalmente quem mantinha tratamento ou estava prestes a iniciar um. E diante da medida da entidade, a Prefeitura de Suzano levantou a informação de que esse tipo de seleção, de atender apenas pacientes de municípios que a auxiliam com repasses financeiros mensais, não estaria correta, uma vez que verba do Sistema Único de Sáude (SUS) comporia grande parte de seu orçamento. "Não acreditamos que seja juridicamente correto negar atendimento a portadores de necessidades especiais por causa do CEP, por serem moradores de uma ou outra cidade", criticou ontem, em nota.
Certamente, esse episódio suscitará muita discussão a respeito da atuação da entidade, principalmente havendo verba pública oriunda do governo federal. Sendo assim, o atendimento não deveria ser ilimitado, sem comprovação de residência? Ou o fato de estar em Mogi é argumento para atender mais quem é da cidade, uma vez que a prefeitura local é a que mais investe na AACD?