Quando era criança e me faziam a clássica pergunta "o que quer ser quando crescer?", dizia que gostaria de ser professora. Eu tinha uma lousa e passava horas inventando lições para meus amiguinhos imaginários e minhas bonecas, isso quando não brincava de escolinha com os vizinhos e primos.
Em minha época escolar, o respeito ao professor sempre foi equiparado àquele que devemos dar aos nossos pais. O encantamento era inevitável. Duvido que alguém com a minha idade não se recorde da professora da primeira série.
Eu tive o prazer de rever a minha num recente Sarau que houve na escola Justiniano, em Suzano, a querida dona Nilce. Foi emocionante. Um filme de "só" 36 anos passou em minha cabeça e fiz questão de dizer a ela que se hoje tento galgar a honra de ser escritora foi porque ela me ensinou a juntar as letrinhas e transformá-las em palavras.
Ao me formar no curso de Processamento de Dados, comecei a dar aulas em uma escola de informática. Foi aí o começo de ser "tia". A tia de informática.
Enquanto no horário comercial minha carreira oficial era administrativa, à noite dava vazão ao meu lado "artista/cara-de-pau/professora" e confesso que era maravilhoso descobrir que ensinar nada mais é do que compartilhar o que sabe, mas sair com o ganho imensurável dos ensinamentos não palpáveis: gratidão, atenção, admiração.
Depois, larguei a parte administrativa e me joguei de vez à profissão de ensinar. Foram cinco anos intensos em que desde os pequenos do jardim de infância até os maiores do ensino médio aprendiam a digitar com os dez dedinhos, paródias com comandos de Windows e propaganda de padaria no Power Point.
Hoje, a maioria já adulta, formada, com suas profissões, me enche de felicidade quando me reencontra. Juntos, damos risadas e não posso negar que me encho de orgulho quando falam que, de alguma maneira, os ajudei no que são hoje.
Voltei para a área de informática e mantenho sempre a esperança que o respeito a esses profissionais volte em todos os âmbitos: alunos, governantes e pais. Precisamos resgatar isso urgentemente.