A presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, passaram boa parte da semana batendo boca. Ambos com razão nas frases feitas. E absoluta falta dela na virulência e ausência de senso. Roto falando de esfarrapado, provérbio que nos últimos tempos insiste em ditar a política.
Dilma fala mal de Cunha. Cunha de Dilma. Lula já fala mal de Dilma em público. Dilma, privadamente, de Lula. Um culpa o outro da culpa que cada um tem. A oposição arrota dignidade e usa os métodos que dizia condenar. Tenta preservar Cunha para imolar Dilma.
A inflação continua subindo, os investimentos caindo, a recessão agudizando. Em 12 meses, 1,24 milhões de vagas de emprego formal foram engolidas pela crise, pior número desde que se iniciaram as medições, em 1992.
Depois de gastar o que não tinha e o que não sabia se algum dia iria ter para se reeleger, Dilma teria de arrumar mais de R$ 70 bilhões só para fechar o ano de 2015. Ainda assim, a presidente freou arrumações internas, como o corte de 3 mil cargos comissionados, para poder distribuir aos aliados em troca - sem qualquer garantia - de se manter no terceiro andar do Planalto.
Agindo como quem beira o fim da linha, nos dois meses que faltam para terminar o ano, Dilma agendou compromissos na Arábia Saudita, Vietnã, França, Emirados Árabes, Argentina e Japão. Pelo jeito, prefere ficar longe da encrenca Brasil, gastando por conta.
Por sua vez, a oposição esbraveja contra o roto e esgarça cada vez mais os seus farrapos. Alia-se às sujeiras de Cunha e joga fora créditos que tinha obtido com a derrocada política de Dilma e do PT.
Na CPI da Petrobras, aquela que concluiu que o problema da estatal não é a roubalheira, mas a delação premiada, nem a mentira dita por Eduardo Cunha - "não tenho conta no exterior" - foi rechaçada pelo PSDB. Uma vergonha.
Diante da imundice de quem prefere continuar sem se lavar, a utópica ideia do ministro do Supremo, Marco Aurélio Mello, de renúncia coletiva faz cada dia mais sentido. Seria a chance de, ao lado da Lava-Jato, lavar o País.