Não há nenhuma dúvida de que a nossa presidente passa por um inferno astral de elevada intensidade. Desde a eleição ela colhe uma vasta coleção de notícias ruins. Conseguiu seu segundo mandato com certa dificuldade e, a partir da eleição teve seu capital político bastante corroído pelas dificuldades impostas por duas crises: a econômica e a política.
Além das dificuldades econômicas e políticas que colocaram seu governo na defensiva, quando o governo tentou sair da inércia não obteve o resultado pretendido. Com uma base política ampla, mas desarticulada, viu parte de seus aliados provocarem mais estragos do que a própria oposição. Ao enviar o primeiro pacote de medidas para a promoção do ajuste fiscal viu parte das medidas desfiguradas por ação das casas legislativas.
Enquanto isso, o país continuou colecionando indicadores econômicos nada animadores, muitos deles agravados pelo clima de instabilidade política. Ações de parlamentares buscando abreviar o mandato de Dilma passaram a ocorrer de forma explícita e frequente demonstrando a extrema dificuldade do governo de sair dessa condição de paralisia. Depois do envio de um orçamento deficitário para o Congresso estamos vivendo a fase de articulação para a aprovação de um segundo pacote com medidas de contenção dos gastos e elevação de receita. São medidas com elevado grau de dificuldade de aprovação para qualquer governo, principalmente para um governo com pouco apoio popular e base política desarticulada.
O que favorece Dilma então? O calculismo político dos diversos protagonistas desse protesto. Caso Dilma seja impedida de terminar seu mandato, alguém deverá assumir em seu lugar e conduzir um processo que será extremamente desgastante para qualquer um, pois o ajuste terá de ser feito de qualquer forma.
E isso pode ser elemento importantíssimo para a reorganização do tabuleiro político para 2018, incluindo-se aí até mesmo a possibilidade de recuperação de figuras desgastadas politicamente pelos últimos acontecimentos.
Como dizia a camiseta de certo ex-presidente, "o tempo é o senhor da razão".