Os reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo (cinco dessas represas aqui na nossa região), além de outros pontos do país, continuam baixos. A Primavera começa às 5h20 da próxima quarta-feira, dia 23, em dezembro vem o Verão - estações mais chuvosas, que devem ajudar a aumentar os índices de água armazenada, mas o calor dessas épocas também faz a água evaporar mais facilmente.
Ou seja, ou nos acostumamos com a realidade de que a água potável é um bem finito ou a coisa vai ficar feia. E se depender do comportamento irresponsável da maior parte da população, o pior ainda está por vir. 
O pesquisador José Galizia Tundis, presidente do Instituto Internacional de Ecologia e membro da Academia Brasileira de Ciências, considerado o maior especialista em recursos hídricos do Brasil -  compara situação brasileira com crise da Espanha. Tundisi fez um estudo para entender a real dimensão da crise hídrica brasileira e compara a situação com a crise de Barcelona de 2007-2008, a maior seca do século na Espanha.
A Espanha foi um dos mais de 40 países que já contaram com a ajuda de Tundisi para gerenciar seus recursos. O especialista ajudou o país europeu a atravessar a estiagem sem grandes traumas, com medidas como a redução do volume de água a 100 litros diários por família, aplicação de multas aos que extrapolavam o limite, importação de água da França e montagem de uma planta de dessalinização para a utilização da água do mar para abastecer Barcelona.
Segundo ele, a crise hídrica brasileira não é atual, vem de longa data e não se resume a secas, mas também a extremos hidrológicos. E que o Brasil terá que lidar com o desequilíbrio hidrológico.
E ele vai direto ao ponto ao avaliar que a cultura da abundância (acreditamos que a água nunca vai acabar por aqui) vem do fato de que o País possui 12% das reservas de água do planeta. "Porém, com a real queda na quantidade de chuvas, é necessário reformular o pensamento", alerta o especialista.
Para ele, é preciso diminuir muito a demanda, melhorar a governança, investir em programas de saneamento e de reuso, um dos grandes problemas do Brasil.
É preciso que os governos dos estados, o Federal - e também os municipais - se alinhem em uma política que conscientize cada cidadão de que sabendo usar, não vai faltar. E que esses governos façam a sua parte - e não apenas fiquem implorando chuva para São Pedro.