O rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela agência de risco Standard & Poors provocou uma tremenda confusão nas hostes de governistas e assemelhados próximos ou distantes.
A primeira voz, claro, é do condestável da República, o Grande Timoneiro Lula, que é ao mesmo tempo inventor e sustentáculo do governo Dilma e mentor da "oposição por dentro" aos apertos orçamentários que ela precisa mas não consegue fazer.
Lula disse que o rebaixamento da nota do Brasil pela S&P "não significa nada". Quando a S&P deu o grau de investimento ao Brasil em 2008, ele mesmo disse que estavam dando ao Brasil um "atestado de país sério".
Quando foi que ele falou bobagem: ontem ou em 2008? Não éramos sérios antes ou não somos agora?
Significativo é que a declaração de Lula tenha sido feita num momento em que ele estava em Buenos Aires ao lado de Cristina Kirchner, a presidente da Argentina, simbolizando que o caminho para a "argentinização" da nossa economia talvez esteja mais perto do que possa imaginar a nossa vã filosofia.
Nelson Barbosa, o ministro do Planejamento, disse que a decisão da agência de risco foi "uma surpresa".
Parece que todos sabiam, menos o ministro que planeja.
A algaravia ganhou a participação especial do heroico ministro da Fazenda, Joaquim Levy: "Os brasileiros devem encarar o aumento de impostos como um investimento". Essa frase foi demasiada até para um extraterrestre.
O governo está estudando aumentos de impostos que não tenham que passar pelo Congresso, simplesmente porque pelo Congresso não passariam. Nem Renan Calheiros nem Eduardo Cunha, presidentes das duas casas do Legislativo, querem ter algo a ver com as desgraças econômicas do País, embora parte da responsabilidade pela aprovação de projetos arrasa-quarteirão dos cofres públicos tenha que ser dividida com eles.
Mas do meio da tremenda algaravia produzida pela nota da Standard & Poors (que no dia seguinte, por sinal, rebaixou também a classificação da Petrobras), o silêncio que se tornou mais eloquente foi o da presidente Dilma. Um silêncio ensurdecedor.