Em 1985, a banda Plebe Rude lançava um dos seus maiores sucessos (se não o maior): "Até quando esperar". A letra, que rapidamente transformou a música em hino, trata sobre a má distribuição de renda, mesmo com tanta riqueza: "Não é nossa culpa. Nascemos já com uma bênção. Mas isso não é desculpa. Pela má distribuição. Com tanta riqueza por aí, onde é que está? Cadê sua fração. Com tanta riqueza por aí, onde é que está. Cadê sua fração. Até quando esperar..."
Trinta anos depois, os brasileiros ainda se perguntam: "Até quando esperar"? Esperar por um governo que não jogue nos ombros do combalido trabalhador a responsabilidade por colocar novamente o País nos eixos. Esperar por um governo que passe a enxergar o Brasil pela lupa dos brasileiros, que voltarão a ser obrigados a ver e pagar um imposto que estava morto e enterrado, mas que volta ao mundo dos vivos pelas mãos de Dilma Rousseff (PT), Joaquim Levy, e Nelson Barbosa.
Quando lançou a música, a Plebe Rude não tinha noção que, três décadas depois, ela poderia descrever de forma tão fiel o cenário político e social. Na verdade, ninguém poderia esperar que uma presidente iria colocar em prática exatamente tudo aquilo que disse que não iria fazer. E mais. Durante a campanha eleitoral (produzidos por marqueteiros muitíssimos bem pagos) dizia que era o adversário quem poderia criar novos impostos, aumentar juros, cortar vagas de emprego, e por aí vai.
Dilma, tem feito o que disse que Aécio Neves (PSDB) iria fazer caso vencesse as eleições de 2014.
Por estas e outras que não pode reclamar caso o Congresso Nacional não aprove o maldito pacote que de corte de gastos do governo federal tem muito pouco, mas capricha quando o assunto é responsabilizar o trabalhador, criando novos tributos. Como se o brasileiro já não tivesse uma das cargas tributárias mais altas do mundo.
O mínimo que Dilma deveria fazer era um pronunciamento pedindo desculpas pelas mentiras que disse durante as eleições. Dizer que se arrepende, mas que agora precisa de apoio para fazer com que o Brasil volte a crescer.
Caso contrário, não terá e não poderá responsabilizar o Congresso (e muito menos os trabalhadores) por não ter aprovado a volta da CPMF.
Dilma e a sua trupe voltam a estar nas mãos de Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Se o ajuste fiscal levou mais de seis meses para passar, propostas indigestas como adiamento do reajuste do funcionalismo público, congelamento de concursos e a volta da CPMF terão que ser negociadas com incrível habilidade para saírem do papel até o final do ano. Pobre Brasil. Definitivamente. Não é nossa culpa.