Em 1985, a banda Plebe Rude lançava um dos seus maiores sucessos (se não o maior): "Até quando esperar". A letra, que rapidamente transformou a música em hino, fala sobre a má distribuição de renda: "Não é nossa culpa. Nascemos já com uma bênção. Mas isso não é desculpa. Pela má distribuição. Com tanta riqueza por aí, onde é que está? Cadê sua fração. Com tanta riqueza por aí, onde é que está. Cadê sua fração. Até quando esperar..."
Trinta anos depois, os brasileiros ainda se perguntam: "Até quando esperar?" Esperar por um governo que não jogue nos ombros do combalido trabalhador a responsabilidade por colocar novamente o País nos eixos. Esperar por um governo que passe a enxergar o Brasil pela lupa dos brasileiros que voltará a ser obrigado a ver e pagar um imposto que estava morto e enterrado, mas que volta ao mundo dos vivos pelas mãos de Dilma Rousseff, Joaquim Levy, e Nelson Barbosa.
Quando lançaram a música, a Plebe Rude não tinha noção que, três décadas depois, ela poderia descrever de forma tão fiel o cenário político e social. Na verdade, ninguém poderia esperar que uma presidente iria colocar em prática exatamente tudo aquilo que disse que não iria fazer. E mais. Durante a campanha eleitoral (produzidos por marqueteiros muitíssimos bem pagos) dizia que era o adversário quem poderia criar novos impostos, aumentar juros, corta vagas de emprego, e por aí vai.
Dilma, tem feito o que disse que Aécio Neves iria fazer caso vencesse as eleições. Por estas e outras que não pode reclamar caso o Congresso Nacional não aprove o maldito pacote que de corte de gastos do governo federal tem muito pouco, mas capricha quando o assunto é responsabilizar o trabalhador.
O mínimo que Dilma deveria fazer era um pronunciamento na rádio e na televisão pedindo desculpas pelas mentiras que disse durante as eleições. Caso contrário, não terá e não poderá responsabilizar o Congresso (e muito menos os trabalhadores) por não ter aprovado a volta da CPMF.
Dilma e a sua trupe voltam a estar nas mãos de Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Pobre Brasil. Definitivamente, não é nossa culpa.