Não pude publicar meu artigo na semana passada. Sendo assim, tinha esperança de que talvez não tivesse necessidade de continuar escrevendo sobre as crises que rondam nossas cabeças. Doce ilusão. Entra semana e sai semana e o noticiário continua sendo dominado por assuntos relacionados a elas. Nossas crises não dão trégua. Seus desdobramentos são combustíveis para o fortalecimento de ambas.
Dentro desse quadro crítico, o governo não consegue governar e nem promover a tranquilidade necessária para que a economia inicie a desejável trajetória de crescimento. Há no Brasil uma situação e, em tese, uma oposição.
O problema é que entre a situação e a oposição existem incontáveis outras possibilidades. O governo vem se enfraquecendo rapidamente, perdendo o apoio popular que significou sua vitória em outubro passado. Mesmo estando o governo muito fragilizado, ele consegue recuperar uma pequena parte do folego perdido, pois o conjunto das outras partes não possui um projeto comum.
O PSDB, por exemplo, como foi o partido derrotado na última eleição deveria estar coeso em torno de uma estratégia em função do cenário atual, não é mesmo? Mas não é bem assim. Dentro do partido existem grupos com interesses distintos e eles agem de acordo com esses interesses.
Para o grupo do senador Aécio Neves o mais interessante seria a realização de nova eleição. O problema é que isso não interessa ao grupo do Alckmin ou ao grupo de Serra que por sua vez desejam que Dilma continue enfraquecida e governando até o final de seu mandato.
Para Aécio, a vontade de ser presidente justifica o risco de assumir um governo que, independente da pessoa ou partido, continuará convivendo com as crises em curso e poderá dar nova musculatura política para o Lula.
Os movimentos que se organizam para novas manifestações contra o governo Dilma, também carecem de estratégia e unidade. São muitos os insatisfeitos, uma grande maioria nesse momento. Mas são muitos também os caminhos imaginados.