Antes mesmo de abrir a primeira sessão da Câmara depois do recesso, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixou claro que manterá sua posição de rompimento com o Palácio do Planalto manifestada antes do intervalo legislativo e evidenciou o tratamento que dará ao PT e ao governo neste segundo semestre.
Oficialmente na oposição, Cunha isolou o PT, excluindo-o do comando de todas as Comissões Parlamentares de Inquérito que serão instaladas até a próxima semana. Também começou a discutir com a oposição manobra para pautar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. E ainda fez aprovar no plenário da Casa uma espécie de regime de urgência para acelerar a votação das contas da petista que podem, se aprovadas, levar à crime de responsabilidade fiscal e facilitar o questionamento de seu impedimento.
As articulações contra Dilma começaram na noite de anteontem. Enquanto Dilma reunia líderes da base no Palácio da Alvorada para tentar reaglutinar sua base aliada, Cunha reuniu líderes oposicionistas em sua residência oficial. No final da noite, aliados do Planalto também chegaram. O convescote contou com representantes de PMDB, PSDB, Solidariedade, DEM, PP, PR e PSD _os dois últimos governistas e integrantes do grupo do PT na Casa. Nenhum petista foi convidado.
Ficou acertado que a CPI do BNDES será presidida pelo PMDB e relatada pelo governista PR. A dos fundos de pensão ficará sob comando do DEM e será relatada pelo PMDB. PSDB comandará a CPI dos crimes cibernéticos e o PSD ficará com a de maus tratos a animais.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), condenou a articulação. "Era só o que faltava, a segunda maior bancada ficar fora da CPI. Baixa o tom", afirmou Guimarães.
Cunha e aliados discutiram manobra para pautar pedido de impeachment de Dilma de maneira que não o comprometa diretamente o parecer do TCU.