Existe hoje no Brasil um tipo de poder que foge do tradicional trio Executivo, Legislativo e Judiciário, é o famoso poder paralelo. Sem a presença do Estado, criminosos acusam, julgam e cumprem a sentença, que muitas vezes é a "pena de morte", aqui com aspas porque ela não existe no ordenamento jurídico legal brasileiro.

Mas fora disso a pena existe e por muitas vezes é aplicada quando um membro de algum grupo criminoso age de maneira que os demais não concordam. A inocência, que é uma prerrogativa dentro de um processo legal, raramente é alcançada nestes "processos".

Esse tema veio à tona durante a semana com a descoberta de valas abertas para enterrar os corpos de pessoas que foram julgadas pelo tribunal do crime. No passado, covas semelhantes foram encontradas em Mogi das Cruzes, onde os cadáveres estavam com mãos amarradas e tinham buracos de disparo de arma de fogo na cabeça, o que parece ser um dos modus operandi desses ditos tribunais.

Cada vez mais parece que estamos passando pelo mesmo processo que Chicago, nos Estados Unidos, passou nos anos 1930, além de outras cidades pelo mundo afora, cada uma em um período diferente da história. Para nós isso é muito ruim, onde o Estado não consegue agir, vem o poder paralelo e arregaça as mangas. A parte do tribunal é só uma fragmentação, uma vez que são encontrados indícios de hierarquia e estrutura das quadrilhas, além, é claro de repasses em dinheiro, que é o que faz tudo isso funcionar.

Como acabar com isso? Bom primeiro precisamos acabar com a corrupção, o incentivo da criação de milícias pelo próprio governo federal - que deveria combater isso - e a presença maciça do Estado. Mas, não somente em forma de polícia, mas com estruturas que inibam as formações de quadrilhas nas periferias, entre elas uma boa iluminação, escolas, revitalização do espaço público, entre outras coisas. Pode ser um começo e talvez demore, mas é certo que é preciso agir para acabar com esses grupos.