O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de 44 anos, foi eleito ontem o novo presidente da Casa pelos próximos dois anos. Um dos mais jovens senadores a assumir o comando do Congresso, ele teve 57 votos, contra 21 da candidata Simone Tebet (MDB-MS), que foi abandonada pelo próprio partido na disputa.
Pacheco foi apoiado pelo ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em uma articulação direta com o Palácio do Planalto. Conforme o Estadão revelou, o governo liberou um total de R$ 3 bilhões em verbas extras para deputados e senadores.
Na Câmara, o candidato do presidente Jair Bolsonaro é o deputado Arthur Lira (PP-AL). Além disso, o volume de emendas parlamentares pagas em janeiro foi recorde.
Com formação em Direito, Pacheco prometeu agir com independência em relação ao Planalto e fez um discurso de pacificação. Nos bastidores, a vitória era dada como certa antes mesmo da votação sigilosa, contando com o apoio não só de bolsonaristas, mas também de partidos da oposição. Católico, ele está no primeiro mandato como senador e presidirá o Senado até fevereiro de 2023
Rodrigo Pacheco nasceu em Porto Velho (RO), mas se elegeu por Minas Gerais, onde a família é dona de empresas de transporte rodoviário. Em 2020, emplacou um assessor de seu gabinete como diretor da Agência Nacional de Transportes (ANTT) - órgão que tem como atribuição regular empresas de sua família. A indicação, foi questionada por violar a Lei de Agências Reguladoras e ainda não passou pelo plenário. Como presidente, ele será responsável por pautar ou devolver a indicação.
Uma série de acordos articulados por Pacheco para cargos na cúpula do Senado e comissões fizeram o MDB rifar Simone Tebet, que acabou se lançando na disputa como candidata avulsa. Na última hora, Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Pode-RS) retiraram as candidaturas para apoiar a emedebista. A eleição para os demais cargos na Mesa vai ocorrer hoje.
Ex-presidente
Alcolumbre tentou costurar nos bastidores uma saída jurídica para permitir a sua candidatura à reeleição do Senado, mas viu as pretensões serem frustradas há dois meses com o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou a possibilidade de recondução ao cargo na cúpula do Congresso durante a mesma legislatura.
O senador deixou o cargo sem dar entrevistas nem deixar um legado em sua gestão. Também paralisou as comissões, inclusive o Conselho de Ética, e fracassou na tentativa de emplacar o irmão, Josiel Alcolumbre, no comando da Prefeitura de Macapá. Agora, negocia presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para continuar com influência na agenda do Senado.
A votação pelo comando do Senado e da Câmara marca a disputa política mais importante do ano, que vai definir a agenda legislativa pelos próximos dois anos, influenciar a votação de reformas do governo, preparar o terreno da corrida eleitoral de 2022 e redesenhar as relações do Congresso com o governo Bolsonaro e o Supremo. Também cabe ao presidente do Senado decidir sobre pedidos de impeachment contra ministros do STF e articular nomeações para agências reguladoras - e integrantes do próprio Supremo.