Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato do Paraná divulgaram ontem uma nota após a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que ele acabou com a operação pois "não há mais corrupção no governo". Em nota, os procuradores apontaram que o discurso indica "desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade", mas mais que isso "reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção".
"A Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária", afirmou ainda a força-tarefa, lembrando que horas antes da declaração do presidente, a 76ª fase da operação apreendeu quase R$ 4 milhões na casa de um ex-funcionário da Petrobras sob suspeita de receber propinas.
A força-tarefa disse que o apoio da sociedade e a "adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República" é fundamental para que os esforços das investigações tenham êxito. "Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam o seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrário", registrou a nota.
A declaração de Bolsonaro ocorreu anteontem, em resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro. "É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo Eu sei que isso não é virtude, é obrigação", disse o presidente no Palácio do Planalto, quando discursava anteontem no lançamento do Programa Voo Simples, do Ministério da Infraestrutura, que promete modernizar as regras de aviação no país.