Menos de 24 horas após o diagnóstico de Covid-19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve febre e foi levado ontem para o hospital militar Walter Reed, em Washington. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, a decisão foi dos médicos do presidente, que deve trabalhar de lá nos próximos dias. A um mês da eleição, Trump vinha tentando mudar a narrativa da campanha, tirando a pandemia do centro do debate - o que ficou mais difícil com a internação.
O presidente recebeu uma dose de um coquetel de anticorpos experimental que é desenvolvido pela farmacêutica Regeneron, além de vários outros medicamentos, entre eles zinco, vitamina D e a versão genérica do Pepcid, um remédio que combate úlceras, segundo a Casa Branca.
Poucas horas após o diagnóstico, Bill Stepien, chefe da campanha de Trump, disse que todos os compromissos do presidente estavam suspensos. A contaminação do presidente, a 32 dias da eleição, muda a dinâmica da disputa - embora seja impossível dizer o rumo que ela tomará. "A disputa, como nós conhecemos, acabou", disse Andrew Feldman, consultor democrata. "Este é o pior pesadelo para a campanha de Trump."
Se Trump tiver um ciclo normal de recuperação da doença, de 14 dias após a infecção, pode ficar quase metade do tempo restante até as eleições afastado. Uma perda para o republicano, já que os comícios são seus maiores ativos políticos.
O impacto eleitoral é imprevisível. Alguns analistas dizem que Biden, diante do novo cenário, pode moderar suas críticas para não ser visto como um aproveitador. Outros citaram o caso do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido), que se recuperou rápido da doença - nesse caso, Trump poderia repetir o que já vinha dizendo, que o vírus não é tão grave. "Ele terá a chance de dizer: 'Passei por isso e sobrevivi'", disse Scott Hagerstrom, que trabalhou na campanha de Trump em 2016.
Recuperação.
E, finalmente, há a comparação com o premiê britânico, Boris Johnson, que passou dias na UTI de um hospital de Londres. No caso de Johnson, a covid até aumentou sua popularidade.
No entanto, a maioria concorda que perder duas semanas na reta final de campanha prejudica, mais do que ajuda. Significa suspensão de comícios e de eventos de arrecadação de fundos. Para um candidato que está atrás nas pesquisas, o tempo perdido é precioso.