Em 2007, no Chile, o rei Juan Carlos de Espanha e o então presidente venezuelano Hugo Chávez protagonizaram um momento caricato. Quando Chávez discursava, criticando o neoliberalismo e o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar, apelidando-o de fascista, o então chefe de governo espanhol, José Luis Zapatero, interrompeu o líder venezuelano pedindo respeito. Contudo, Chávez insistia no discurso. Foi então que o rei, chegando-se à frente na sua cadeira e olhando para ele, lhe lançou o famoso: "Por qué no te callas?".
Pois bem. Vou me apropriar do bordão lançado pelo rei da Espanha e direcioná-lo ao nosso presidente. ¿Por qué no te callas, Bolsonaro? Para não correr o risco de sugerir aos brasileiros que "façam cocô" em dias alternados como forma de preservar o meio ambiente.
¿Por qué no te callas, presidente? Antes de dizer que o coronavírus era apenas uma gripezinha, pois ela já matou mais de 136 mil pessoas.
¿Por qué no te callas, capitão? Antes de se posicionar contra o isolamento social dizendo "vamos todos morrer um dia". Isso foi um verdadeiro desrespeito a todos os que morreram e seus respectivos familiares e amigos.
Devo dizer também ¿Por qué no te callas? Quando insinua que os professores são contra a volta do ensino presencial por serem preguiçosos. Logo o senhor que durante seus mandatos como deputado federal foi flagrado dormindo um número de vezes maior do que os parcos e poucos úteis dois projetos apresentados.
Por último, mas não menos importante, eu diria também: ¿Por qué no te callas? Antes de dizer que o "Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo", quando temos o Pantanal ardendo em chamas sem que nenhuma medida importante foi tomada pelo governo para combater tal calamidade.
Para fechar com "chave de ouro", nosso "ilustre" presidente vai ao Mato Grosso enaltecer o agronegócio (suspeito de ser o principal causador dessas queimadas que estão dizimando a fauna e flora pantaneira) e não faz qualquer comentário sobre elas.
Período muito triste para o nosso país e a nossa história.