Medir a felicidade, em lugar do PIB, é uma ideia inovadora e louvável. Um tanto hipócrita, já que, como assinalam certos estrategistas de plantão, capturar o qualitativo dentro do quantitativo, é por demais ambicioso, sem deixar de ter lá suas limitações!
Sem desejar diminuir o mérito da iniciativa, por demais divulgada, convém apontar as limitações da iniciativa. De pronto, a remessa mais tarde a questões consideradas essenciais, em razão do que aparece seguidamente como simples conflitos de pessoas nas comissões, cada um julgando o que lhe parece ser a defesa de seu pequeno ego, mais urgente que os cuidados com o planeta e homens e mulheres que o habitam. Como se percebe, trata-se de tratamento de economistas, para economistas, pura e simples. Enfim, todas essas aproximações são quantitativas, ou a capacidade do quantitativo capturar algo do qualitativo tem lá seus limites.
Assim, como campeia por aí, a duração efetiva da vida não está necessariamente correlacionada às despesas com a saúde. Por que? Em razão da existência de um sistema de duas velocidades: excelente para os ricos e medíocre para os pobres, quando não nas piores circunstâncias, inacessível. A esperança de vida não mascara, a não ser parcialmente essas disparidades: ele amalgama as subpopulações mais a duração de vida média é impactada pela má qualidade dos serviços médicos para algumas dessas subpopulações. Outro problema ligado à avaliação do qualitativo pelo viés da quantidade: a impossibilidade de capturar a existência de portais críticos, questão espinhosa, toda ela particularmente dentro de parâmetros ecológicos.
Outro elemento que seria essencial capturar, como tem suficientemente mostrado a crise, os fatores de fragilidade no seio das sociedades, forçando a relativização de índices econômicos unicamente quantitativos, eventualmente bons. Com isso, a precariedade do emprego: os altos salários devem ser temperados pela fraca proteção social e a capacidade de oferta aos empregadores a licenciar sem motivo, sem aviso prévio e sem compensação.