Como diz o ditado: contra fatos não há argumentos. Quando o assunto é números, fica ainda mais difícil bater de frente. No máximo, é possível comentar e discutir sobre o levantamento matemático.
Os dados sobre o avanço do coronavírus (Covid-19) apresentados nas edições de ontem dos jornais Mogi News e Dat mostram um recuo na curva de contaminação, quando as cinco cidades mais populosas da região - Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá e Suzano -, são analisadas juntas, mas revelam um resultado diferente quando a verificação é feita de forma individual, ou seja, por município. E foi exatamente o que ocorreu com Mogi, que, analisada individualmente, mostrou um avanço no contágio da doença. O destaque da edição de ontem do Mogi News foi o aumento de 27% dos casos de coronavírus na última semana. Já a notícia principal do jornal Dat foi a redução de também 27% de contaminação na somatória das cinco cidades mais populosas da região. Em comum entre as notícias é o número de 27%: para o Dat a redução e para o Mogi News o aumento.
O assunto encontrou, ontem, guarida nas redes sociais, apontado por alguns internautas como um suposto erro nas informações. A formação dos jornalistas foi contestada, assim como a índole dos editores e a transparência da empresa. Quando, na verdade, não havia erro algum. O que faltou foi leitura ou interpretação de texto por parte de alguns internautas. O jornalista também pode errar, mas quando o faz, tem a obrigação de reconhecer e corrigir. Não foi o que ocorreu ontem. No fim das contas, ao bom entendedor, a crítica não foi aos profissionais do Mogi News e Dat, mas sim, ao sistema de educação brasileiro, que ainda forma estudantes com dificuldade de interpretação de texto.
De todas as pessoas que entraram no debate sem fundamento, apenas uma ou duas se prestaram a ler e tiveram a interpretação correta dos números. Mas, foi em vão. Nem a correção fez cessar o bombardeio contra o trabalho do Jornalismo profissional. Seria melhor acreditar que tratava-se de um complô contra a mídia, mas, infelizmente, parece que não. O problema realmente vem do falho sistema de ensino.