Os efeitos das queimadas no Pantanal e parte da Amazônia têm avançado para pelo menos outros cinco países vizinhos ao Brasil. A grande nuvem de fumaça já possui quase cinco mil quilômetros quadrados, e, segundo especialistas, pode chegar até oito mil quilômetros quadrados. Há mais de um mês, a região sofre um dos períodos mais secos e com altos registros de focos de incêndio das últimas décadas. Com mais de 15 mil pontos de incêndio identificados, o Pantanal enfrenta o pior cenário de sua história, com milhares de animais mortos, incluindo espécies em extinção, além da queima de mais de 1,7 milhão de hectare do território.
No último sábado, imagens de satélite divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram a intensidade das queimadas no Pantanal, com a chegada de grandes nuvens de fumaça a Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai
De acordo com o pesquisador e analista do Programa Queimadas do Instituto, Pedro Lagden, o fenômeno é comum, em particular nas estações outono e inverno, em decorrência da combinação de uma frente fria organizada na região sul do Brasil e a circulação anticiclônica (sentido anti-horário) dominando a região central e do continente. No entanto, quanto maior o volume de queimadas, maior pode ser o alcance destas nuvens.
Ainda pelas imagens do Inpe é possível identificar que as ondas de fumaça se deslocam para outros Estados como Acre, Amazonas, Goiás, Maranhão, Pará, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Junto com a fumaça, os ventos levam ainda partículas liberadas pelas plantas durante as queimadas, ocasionando fenômenos como a de "chuva escura", composta por substâncias tóxicas.
Ação cautelar
A Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) moveu uma ação cautelar na 8ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária de Mato Grosso pedindo que o governo federal acabe com as queimadas no Pantanal. O documento sugere que aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) sejam usados para combater os incêndios na região.
O texto da ação ressalta que "a utilização da aviação através da Força Aérea Brasileira é o único meio efetivamente capaz de evitar o ponto de irreversibilidade da tragédia ambiental que estamos vivendo".
Ontem o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, minimizou a alta nos números de desmatamento e queimadas.