Os líderes religiosos voltaram a criticar na sexta-feira passada, durante a Live JR, a manutenção do fechamento das igrejas em cerca 400 cidades brasileiras. A decisão vai contra o decreto federal assinado em março pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que inclui templos na lista de atividades essenciais.
O bispo Eduardo Bravo, da União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos, avaliou que muitas autoridades não sabiam o que fazer e "aproveitaram a pandemia para manifestar o preconceito religioso".
Para o teólogo da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Rodrigo Silva, prefeitos e governadores ecoaram o "consciente coletivo" de que a religião é algo de pouca importância. Ele cita que os atuais acontecimentos evidenciaram o que chamou de 'religiofobia'. "Qualquer tipo de manifestação artística que deplore o nome de Jesus é liberdade de expressão e qualquer outro tipo de manifestação já é preconceito. Mas não existe o preconceito contra a religião", observou Silva.
Para o bispo da Igreja Sara Nossa Terra, Christiano Guimarães, a manutenção do fechamento é fruto da falta de conhecimento. "O medo é da preocupação excessiva. As pessoas, sem saber como agir, preferem agir pelo excesso", lamentou ele.
Eduardo Bravo disse que o objetivo principal das igrejas é ajudar as pessoas e criticou a fala de alguns prefeitos que recomendaram a execução das atividades religiosas dentro de casa. "Algumas pessoas não têm condições de orar sozinhas e não têm condições de ler a Bíblia. Ela não entende nada. Ela está tão perturbada, angustiada e desesperada que precisa que alguém fale e ore com ela", explicou Bravo.
Segundo Guimarães, que vê muitas das atitudes tomadas para agradar a opinião pública, a importância do trabalho das igrejas não foi levada em conta. "Quem está presente nos cultos está sentindo a segurança, porque eu sou o último a querer que um fiel contraia a Covid-19 na minha igreja", afirmou.
As entrevistas da Live JR acontecem todas as semanas. O público pode acompanhar ao vivo na Record News, pelo R7 e pelas redes sociais do Grupo Record. Além disso, haverá exibição de trechos no Jornal da Record e no Fala Brasil.
Em Angola
O Diário da República de Angola, órgão oficial do país africano, comunicou formalmente o resultado de uma assembleia da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), no dia 24 de junho, que determinou a dissolução de sua diretoria e a destituição do bispo brasileiro Honorilton Gonçalves de sua cúpula.
Considerada uma entidade de direito angolano, a Igreja Universal local alegou como base para suas decisões, segundo o órgão oficial, a "violação sistemática aos estatutos e direitos dos membros", tais como "a discriminação racial e violação das normas estatutárias"; a "imposição e coação à castração ou vasectomia aos pastores".
Também são citadas a suposta "privação aos pastores e suas respectivas esposas de acesso à formação acadêmica, científica e técnica profissional"; a suposta falsificação de atas, "abuso de confiança da direção da Igreja ao passar procurações com plenos poderes a cidadãos brasileiros para exercer atos reservados à assembleia geral" e "abuso de confiança na gestação dos recursos financeiros e patrimoniais", dentre outros pontos.
A Assembleia Nacional de Angola (órgão legislativo máximo do país) indicou nova equipe de gerência e uma "Comissão de Reforma" da Igreja Universal, com o bispo angolano Valente Bezerra Luís como seu coordenador.