O que há de mais admirável do que a passagem do arbitrário ao necessário, em si, no ato soberano de todo criador, pressionado por uma necessidade, tão forte e tão insistente quanto a necessidade de fazer amor? Nada mais belo do que vontade e sensibilidade extremas, e a verdadeira ciência, aquela que se cria, ou se recria para nós, juntas, e obtendo, por alguma duração, essa troca entre fim e meios, substância e acidente, previsão e oportunidade, matéria e forma, potência e resistência, que, semelhante à ardente, à estranha, à estreita luta entre os sexos, compõe todas essas energias da vida humana, exacerba-as uma com a outra, e cria.
Despertei com a manhã, como quem se revela a seu próprio sonho: sem a espera da recompensa! Sob a espectativa de um dia lindo, além do horizonte azul: adeus às coisas que produzem tristeza! Pela via deste horizonte, calcado em pleno já e agora, percebo que minha vida apenas começou, além deste horizonte azul.
Aqueles que gostam e se habituam a aprender jamais estarão ociosos, mesmo com a responsabilidade de qualquer tarefa importante. Encontram-se sempre sob sadia ocupação. A postura de se sentirem úteis: em aberto! Vivem passando a vida a limpo, pelo fato de sentir que viveram, ouviram, durante o dia, redigem à noite. Tudo lhes interessa, tudo os surpreende: sentem-se crianças, já que com o concurso de seus corpos, como caixa de ressonância, experimentam, sentem-se fortemente enriquecidos pelas menores alternativas.
Nosso ar de descolada informalidade, e irreverência sob medida, não ofende ninguém, e ainda desfruta da surpresa quando no encontro permeia alguma polidez, já que os convivas não imaginam que a nossa maneira de ser produza harmonia. Em meio a toda espera, continuo a acreditar em mim mesmo? Em meio às caudalosas ondas de uma esperança vaga, quantas lágrimas devo secar, para acabar com a dúvida? Tenho o direito de saber: quantas lágrimas terei ou deverei chorar, para dizer que a alegria é minha, a esperança é minha, só minha!