Um grupo de cinco deputados estaduais de São Paulo invadiu na tarde de quinta-feira, o Hospital de Campanha do Anhembi, na zona norte da cidade, sob o argumento de fazer uma vistoria no local, que recebe pacientes de baixa e média complexidade infectados pelo coronavírus. Em nota, a Prefeitura informou que "reitera total repúdio a atitudes violentas e ações deliberadas para tentar enganar a opinião pública".
A situação envolveu Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), Capitão Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante). As supostas irregularidades que o grupo iria denunciar estavam ligadas à subutilização do espaço, que tem capacidade para até 1,8 mil pacientes e atende, no momento, 407 pessoas. A entrada do grupo foi feita mediante empurrões e gritos entre os parlamentares, seus assessores e funcionários do hospital. Os deputados postaram essas cenas em suas redes sociais.
Para a Prefeitura, os deputados agiram "de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade". Ao Estadão, Telhada (PP), questionou os leitos ociosos. "Como eles estão falando que vão ter de transferir pacientes para o interior, se tem leitos?" A questão é que o hospital de campanha não tem leitos de UTI, mas alguns desses equipamentos para a estabilização de pacientes, caso apresentem piora de saúde.
Telhada nega que tenha invadido o espaço. "Liguei para secretário (da Saúde) Edson Aparecido", disse. Funcionários e o próprio secretário tentaram pedir para os deputados agendarem um horário, mas ele disse que não queria esperar.
Telhada citou ainda os valores pagos com seguranças e para a hospedagem de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos que trabalham no local, que superaria R$ 18 milhões, porém sem afirmar que o valor é irregular. Também citou que uma das empresas que administra o hospital, o Iabas, está envolvida em irregularidades no Rio, sem apontar nenhuma suspeita concreta sobre o contrato com a Prefeitura. O deputado, entretanto, reconheceu que os pacientes relataram que estão sendo bem tratados pela equipe do hospital. "Preciso ser justo, também", disse. (E.C.)