O ministro da Educação, Abraham Weintraub, prestou depoimento ontem para explicar declarações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) feitas na reunião ministerial do dia 22 de abril, no Palácio do Planalto, mas decidiu "fazer uso do seu direito ao silêncio".
Durante a reunião no Planalto, Weintraub afirmou: "Botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF". O ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, viu indícios de prática de delitos como difamação, injúria e crime contra a segurança nacional e deu cinco dias para que o ministro prestasse depoimento à PF no âmbito do inquérito das fake news. Weintraub compareceu na condição de investigado.
O depoimento de Weintraub ocorreu pela manhã, na sede do Ministério da Educação. O ministro depôs antes de o Supremo analisar habeas corpus enviado pelo governo Jair Bolsonaro e assinado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, pedindo a suspensão da oitiva e o trancamento do inquérito sigiloso que, nesta semana, atingiu deputados, empresários, youtubers e apoiadores bolsonaristas. Mendonça alegou que Weintraub poderia sofrer limitação em seu direito de liberdade em consequência desse ato.
A declaração de Weintraub sobre o Supremo se tornou pública após o decano da Corte, ministro Celso de Mello, divulgar a gravação da reunião ministerial obtida no inquérito que apura interferência de Bolsonaro na PF. Uma cópia do vídeo foi enviada pelo ministro aos colegas de tribunal para que eles adotassem medidas que julgassem "pertinentes". "A manifestação do ministro da Educação revela-se gravíssima, pois também reveste-se de claro intuito de lesar a independência do Poder Judiciário", disse Moraes.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem que "é uma pena para o Brasil ter um ministro desqualificado" como o titular da Educação, Abraham Weintraub. Segundo Maia, um "homem com essa qualidade não poderia ser ministro de pasta nenhuma".