Salas de aula vazias contrastando com espaços virtuais sobrecarregados por acessos a conteúdos didáticos on-line ou pela busca de informações acadêmicas e solicitação de descontos nas mensalidades. A pandemia de coronavírus está deixando o setor educacional em frangalhos. Com todas as atividades presenciais suspensas, a vida das escolas particulares e dos estudantes foi radicalmente alterada.
De um lado, as instituições se viram como podem para oferecer opções de conteúdos a distância na tentativa de suprir os alunos das aulas presenciais perdidas. No entanto, nem todas as escolas estavam preparadas para a mudança de rotina e algumas sequer têm estrutura tecnológica adequada para atender o momento. Feita às pressas, o resultado, em alguns casos, foi desastroso. Plataformas que não funcionam, conteúdos genéricos ultrapassados e corpo docente que não dialoga.
Amparadas por medidas legais, as escolas se recusam a dar descontos nas mensalidades, mas oferecem, em contrapartida, parcelamentos no cartão de crédito de valores a vencer e abrem a discussão sobre negociação de dívidas dos alunos. Já é alguma coisa. Porém, todas reconhecem que, na comparação com períodos regulares anteriores, o ano letivo de 2020 está comprometido e dificilmente será recuperado.
Por outro lado, a perspectiva para os estudantes é ainda pior. Sem aulas presenciais, eles são obrigados a pagar por um serviço que não está sendo oferecido e nem substituído a contento. Além disso, veem o tempo passando e a questão do aprendizado ficando muito aquém de seus desejos. Para aqueles que vão concluir os estudos neste ano há, inclusive, o risco de perder festas de formatura pagas com muito sacrifício, talvez até por falta de clima para a comemoração.
Para não acumular prejuízos, as escolas podem dispensar funcionários e professores e também encerrar cursos deficitários. Sabe-se lá se os vestibulares de inverno poderão ser mantidos. Aos alunos, que enfrentam os estudos com muitas dificuldades, o sonho de uma vida melhor pode simplesmente desaparecer. O fato é que tanto para as instituições de ensino quanto para os estudantes, a quarentena vai deixar marcas profundas.