Mesmo envolvidos por muita gente, em nós pode haver solidão. É difícil suportar o silêncio quando não há propósito. Sofrimento e dor com frequência nos faz distanciar emocionalmente da multidão para uma depressiva solidão. A missionária Bianca Toledo, em um dos seus livros, escreveu: "Algumas vezes, é preciso regar com lágrimas as sementes da vida". A liberdade de chorar desfaz a nuvem negra da tristeza num céu azul de esperança.
Teresa D'Ávila, freira carmelita do século XVI aconselhou: "Aquieta-te em solitude e encontrarás o Senhor em ti mesmo". Nenhum pássaro que voa livre se acomoda de modo fácil numa gaiola, só mesmo aqueles criados em cativeiro. A quarentena limitou o nosso espaço e aumentou a nossa pressa ansiosa de voltar às atividades antes exercidas.
Para Domenico De Massi, sociólogo italiano, autor do "O Ócio Criativo", "o coronavírus está nos ensinando a dispensar o supérfluo, a reconhecer e a privilegiar o essencial; o consumismo é um vírus pior ainda, nos faz perder o sentido do necessário para impor-nos o dispensável. A pandemia está nos ensinando que as necessidades radicais de introspecção, amizade, amor, jogo, beleza, e criatividade são muito mais importantes do que as necessidades alienadas de poder e dinheiro".
Você observou que estamos vivendo sem tempo para Deus? Sem o amor e a proteção de Deus há muito já teríamos perecido sem defesa, invadidos em todos os sentidos pelo mal que nos rodeia física, mental e espiritualmente.
Salmo 37: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará". Deus nos chama da solidão da dor para a solitude do amor. Solidão é o "ócio depressivo", solitude é o tempo agradável de comunhão com Deus. Na solitude você não tem medo de ficar sozinho, você está a sós com Deus.
Jesus, no Sermão do Monte, nos ensina a entrar, diariamente, em nosso refúgio secreto, fechar a porta para o mundo, conversar com o Pai, que está em secreto; e o Pai, que vê em secreto, nos recompensará.