A quarentena no Estado de São Paulo teve o prazo prorrogado até 31 de maio. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) ontem no Palácio dos Bandeirantes. "O cenário é desolador. E a quarentena está salvando vidas em São Paulo. Nenhum governante tem prazer em dar más notícias, mas não se trata de ter ou não este sentimento, trata-se de proteger vidas no momento mais crítico desse país", disse Doria.
A quarentena foi implementada em todo o Estado no dia 24 de março. A medida permite somente o funcionamento dos serviços considerados essenciais e continua valendo para os 645 municípios paulistas. "Nenhum país conseguiu relaxar as medidas de isolamento social em meio a uma curva crescente. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco vidas e o sistema de saúde. Retomaremos, sim, no momento certo, na hora certa", afirmou.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também participou do anúncio. "Situações extremas exigem medidas extremas. Só na cidade de São Paulo são 4.496 mortes, entre confirmadas e suspeitas. A lotação das UTIs municipais é de mais de 80% e mais da metade dos nossos hospitais já tem 100% de ocupação", disse Covas.
Doria já havia prorrogado a quarentena por duas vezes, o que criou pressão de alguns setores da economia e de prefeitos, que pediam regras mais flexíveis. Diante desse cenário, Doria anunciou no dia 22 de abril que faria uma flexibilização das regras, o chamado Plano São Paulo. Na época do anúncio, o governo afirmou que a flexibilização levaria em conta três fatores: taxa de crescimento do número de infectados, capacidade do sistema de saúde de oferecer leitos e número de pessoas testadas para a doença.
Mas, nesta sexta-feira, Doria afirmou que ainda não será possível colocar o Plano São Paulo em prática. Questionado sobre a possibilidade de medidas ainda mais restritivas, Doria afirmou que o lockdown, o bloqueio total do Estado, "não está descartado". "Acreditamos que as medidas da quarentena e a consciência das pessoas podem ser suficientes. Se isso não ocorrer, outras medidas podem ser adotadas", disse.
O governo estabeleceu dois critérios para iniciar a flexibilização. Para a reabertura, será necessária uma redução no número de casos por 14 dias e que a taxa de ocupação de leitos de UTI fique no patamar de 60%.
O sistema público de saúde na Grande São Paulo já opera praticamente no limite. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, na Grande São Paulo a ocupação dos leitos de UTI já é de 89,6%. No Estado, é de 70%. Em leitos de enfermaria, a taxa de ocupação é de 74% na Região Metropolitana e de 51,7% no Estado.
"Houve um agravamento nos últimos 15 dias e isso coincidiu com uma queda na taxa de isolamento", afirmou o secretário Estadual da Saúde, José Henrique Germann.