O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram na última semana pelo adiamento da aplicação das provas nas versões impressa e digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A informação foi veiculada pelo próprio Inep e publicada em nota no site do instituto.
As datas, inicialmente, previstas para os exames eram os dias 1º e 8 de novembro para a versão impressa e 22 e 29 de novembro a digital. O ministro Abraham Weintraub chegou a acusar "a esquerda" de agir para que o exame não acontecesse. No final do dia, ele disse que sugeriu, após "recentes acontecimentos no Congresso" e de conversas com "líderes do centro", que o Enem fosse adiado. Entretanto, a realidade que se passou diante dos olhos dos brasileiros não foi essa.
Mesmo com os "recentes acontecimentos no Congresso" e as conversas do ministro com políticos, a medida ocorre após pressão popular, principalmente dos estudantes, que, reunidos e organizados nas redes sociais, lutaram pelos mais prejudicados que não possuem as mesmas condições de estudos durante a pandemia que outros candidatos. A começar pela tempestade de críticas que o Inep e o MEC receberam em relação ao vídeo de anúncio de manutenção do Enem para o prazo original, que foi considerado como carta/abandono aos estudantes, as redes sociais, um dos principais canais de comunicação do público jovem, foram submetidas a uma pressão digna de grandes movimentos organizados. A diferença é que, em meio à pandemia do novo coronavírus, jovens não saíram às ruas com palavras de ordem, mas, apartidariamente, conseguiram um pleito justo.
É sabido que boa parte dos temas aos quais as redes sociais são submetidos possui viés partidário enrustido. Pelo adiamento do Enem, apesar de ter sido registrados movimentos políticos se aproveitando da causa, a manifestação foi legítima, sem partidos ou bandeiras, prezando pelo bem estar comum.
Esta não foi a primeira e, tomara, que não seja a última vez que a voz do público estudantil conseguiu fazer história.