O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez ontem um apelo global para coibir e combater o discurso de ódio que se espalhou paralelamente à propagação da pandemia da Covid-19.
"Devemos agir agora para fortalecer a imunidade de nossas sociedades contra o vírus do ódio. Portanto, hoje peço que não sejam poupados esforços para erradicar o discurso do ódio em todo o mundo", disse, após alertar que "a pandemia continua desencadeando uma onda de ódio e xenofobia, procurando bodes expiatórios e fomentando o medo". Guterres falou em um "tsunami de ódio e xenofobia".
Numa época em que, segundo o secretário-geral , é preciso "todo o mínimo de solidariedade" para enfrentar a pandemia, houve um aumento do sentimento xenófobo na internet e nas ruas, das teorias da conspiração antissemitas e dos ataques a muçulmanos.
"Migrantes e refugiados foram considerados como fonte do vírus e imediatamente tiveram acesso negado a tratamento médico", denunciou Guterres. Ele também lamentou que tenha surgido uma ideia "desprezível" sobre os idosos, que estão entre as vítimas mais vulneráveis, sugerindo que eles são os mais dispensáveis.
Jornalistas, profissionais de saúde, trabalhadores humanitários e defensores de direitos humanos "estão sendo atacados simplesmente por fazerem seu trabalho", acrescentou.
Guterres pediu aos líderes políticos, instituições educacionais, mídia, sociedade civil e líderes religiosos que parem com essa tendência. "E peço a todas as pessoas, onde quer que estejam, que se oponham ao ódio, se tratem com dignidade e aproveitem qualquer ocasião para espalhar bondade", concluiu o secretário-geral da ONU.
Casos no mundo
Segundo os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, a pandemia do coronavírus já foi responsável por mais de 270 mil mortes no mundo todo. Às 13h55 de ontem, a instituição contabilizava 271.732 óbitos causados pela Covid-19. Já o número global de infectados chegou a 3.889.841, se aproximando da marca de 4 milhões de casos confirmados.
O país que lidera a lista da Johns Hopkins tanto em número de infectados quanto em óbitos são os Estados Unidos, com 1.263.052 de pessoas infectadas e 76.032 mortes registradas.
Em número de óbitos, o segundo colocado é o Reino Unido, com 31.315 falecimentos pela doença. Na manhã de ontem, o governo britânico informou que 626 pessoas morreram pela doença.
A Espanha, país logo abaixo dos EUA no número de infectados, reportou um acréscimo de 1.095 casos de coronavírus, além de 229 novas mortes nas últimas 24 horas, número pouco acima ao que foi informado na quinta, quando o governo espanhol contabilizou 213 óbitos em um dia. Ao todo, a Espanha registrou 222.857 doentes e 26.299 mortos pela Covid-19.