Quando a economia de um país fica ameaçada pela campanha "fique em casa", a fim de controlar o avanço da pandemia, cria-se um conflito de interesses: salvar vidas ou empregos? Numa enfermaria sobrou apenas um respirador pulmonar disponível; há dois pacientes graves por Covid-19, um jovem e outro idoso, em qual deles você instalaria o aparelho? Nesses dilemas, o que seria ético?
Tal julgamento demanda uma reflexão rápida e superficial de quem decide a quem dar chance de viver, ou profunda e mais lenta flexibilizar, vendo gráficos de economistas, a abertura progressiva do comércio, a fim de aumentar os recursos financeiros das famílias, sabendo, porém, do risco de agravar a incidência da doença. Nós ceifamos o que semeamos. Este princípio é universal na lei moral.
A peça teatral de Shakespeare "Hamlet, O Príncipe da Dinamarca", em um trecho traz essa frase em forma de dilema: "Ser ou não ser, eis a questão". Embora se refira, diante do sofrimento, se vale a pena viver ou morrer, com o tempo a frase tornou-se uma pergunta sobre a própria existência se devemos "ser ou não ser".
Caminhamos pela esperança, lutamos pela fé até alcançarmos o amor ideal segundo Jesus: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Se o amor de todos fosse vertical para Deus e horizontal para o próximo se desfariam todos os dilemas éticos, e teríamos o céu na terra. Carta de Natal de um inválido em dilema: "Posso, ou não, ser livre do sofrimento? Na alegoria do sábio Tagore sobre uma corda de violino que está na mesa, encontro a luz. Ela é livre? Colocai a corda no seu lugar, no violino. Está presa. Ao vibrar, produz sons lúgubres. Porém, distendei-a mais, mais. Apertai-a pela cravelha. Deixai-a vibrar pelo arco do violonista Kreisler. Agora está livre para produzir sons melodiosos". O amor faz suportável o sofrimento.